[RP FECHADA] TAMELESS

“Posso tentar?” Indago uma única vez sem esperar a resposta. Tomo o arco das mãos de Jemrey, alargando um sorriso estonteante. O guarda com quem costumo partilhar o quarto durante as noites retribui meu sorriso e arqueia as sobrancelhas. Sabe que não sou boa com arco e flecha e gargalha, zombando de mim. “Ao invés de rir poderia me ajudar...” Contraponho o fim ao escárnio. Odeio que riam de mim.

Jemrey envolve as mãos em minha cintura e, delicadamente, segue até os meus pulsos. O bastardo ajusta o modo que seguro o arco e aloja uma flecha no cordel, repuxando o fio juntamente comigo. Eu sinto sua respiração calma e compassada em meu pescoço. “Inspire.” Obedeço a instrução e trago uma boa quantia de ar ao interior dos meus pulmões. Jemrey movimenta meus pulsos, estabelecendo um foco para o disparo. A janela da Torre do Sol.

“Vai chegar até lá?” Eu pergunto, duvidosa da força do armamento. Jemrey ri e juntos alcançamos o limite do cordel. “Se você fizer certo, talvez...” Sua resposta soa como um desafio ao pé do meu ouvido. Reviro os olhos, ligeiramente indignada. Talvez precise lembrá-lo de quem sou. Ele toca duas vezes em minha mão, alertando para que eu solte a linha. Eu tremo quando tenho de suportar a flecha por conta, o que a desestabiliza. O voo é sobrepujado pelo vento e, somado à falta de estabilidade, a flecha encontra a areia do chão.

Suspiro em oposição ao fracasso. Jemrey me consola com um beijo no pescoço que faz meus pelos se eriçarem com um arrepio percorrendo a espinha. Em seguida, o meu guarda particular posiciona uma segunda flecha no cordel e comanda para que eu a puxe sozinha. “Aonde está a sua confiança?” A provocação me irrita e eu puxo o cordel com força abrupta. Sem perceber, o solto. Em total descontrole, a seta é enviada aos ares e, quando torno a acompanhá-la, percebo a diretriz do seu trajeto: a janela da torre.

“Uooou! Impulsiva.” Ignoro a descrição de Jemrey sobre mim e libero uma comemoração. Sabia, no fundo, que o disparo não foi mais que uma personificação da minha sorte. Liberto-me dos braços de Sand e furto uma flecha da sua aljava com agilidade. A disponho no fio e repuxo-o até o limite máximo, apontando a extremidade ao seu rosto.

Jemrey dá um passo para trás, intimidado. Eu aprendo rápido. Depressa, ergo o arco antes de liberar a flecha, que acerta um arvoredo ressecado pelo clima árido. Perto de onde eu queria que acertasse. Jogo o armamento no chão e puxo Jemrey pelo pulso. Os ensinamentos dos poucos minutos foram suficientes para uma iniciação em arco e flecha. Agora, eu iria recompensá-lo. Guio-o até meu cômodo particular. A noite acabara de começar.

TREINO: